Autismo – O que é?
A Perturbação do Espectro do Autismo (PEA) é uma perturbação do neurodesenvolvimento que afeta a comunicação e a interação social, bem como os interesses e comportamentos. Uma criança com PEA irá apresentar défices e alterações nestas áreas, condicionando a sua participação nos diferentes contextos do seu quotidiano, que se manifesta ao longo da vida e para a qual ainda não existe cura. As dificuldades vivenciadas conduzem várias vezes ao desenvolvimento de outras perturbações, nomeadamente de humor e/ou ansiedade, intensificando o mal estar da criança e das pessoas que a rodeiam. É ainda possível observar comorbilidade com outras perturbações, como por exemplo com a Perturbação de Hiperatividade com Défice de Atenção (PHDA) ou Perturbações do Comportamento. Neste âmbito, o psicólogo aplica provas formais que têm um papel fundamental para a realização do diagnóstico médico de PEA, bem como de outras perturbações associadas, e ainda outras provas que avaliam o desenvolvimento, perfil cognitivo, comportamento adaptativo e outras competências fundamentais para o quotidiano da criança.
A Intervenção da Psicologia no Autismo
A intervenção em Psicologia foca-se na aprendizagem de competências que permitam reduzir os défices da PEA e a sintomatologia psicopatológica associada (medo, tristeza, irritabilidade, entre outras). Para esse efeito é realizada psicoeducação, treinos de competências sociais e cognitivas, regulação emocional e comportamental e estimulação da autonomia pessoal e social. Especificamente, intervém ao nível da identificação e gestão de emoções, empatia, interpretação de situações sociais, ajuste do comportamento aos contextos, resolução de problemas, flexibilidade cognitiva, linguagem não verbal, ironia e segundos sentidos, estilos de comunicação, diversificação de interesses, competências de jogo e imaginação, entre outros. De salientar que a intervenção com crianças é realizada principalmente com recurso ao brincar, jogo, atividades práticas, tecnologias e role play. Progressivamente é estimulada a capacidade de partilha através da conversação.
O apoio da Psicologia alarga-se muitas vezes a outros contextos de forma a promover a adaptação e participação da criança, como por exemplo, na escola, ocupação de tempos livres e família. Efetivamente, a Psicologia tem um papel importante ao nível do suporte às famílias, auxiliando na compreensão do diagnóstico de PEA, nomeadamente das características e respetivas consequências no quotidiano nos diferentes contextos de vida da criança. A intervenção permite ajustar as práticas parentais, auxiliando ainda na definição de estratégias ajustadas a cada criança. Por sua vez, no contexto escolar é realizado um trabalho de articulação com os professores e auxiliares de ação educativa para avaliar as dificuldades e ajustar as medidas educativas. Esta trabalho de equipa permite potenciar as aprendizagens num ambiente mais ajustado ao perfil da criança, reduzindo o nível de ansiedade e frustração vivenciada. Neste âmbito, é ainda realizada orientação vocacional e profissional ajustada às especificidades da PEA. Salienta-se que a PEA manifesta-se de forma diferente em cada pessoa, existindo também diferentes graus, que se definem através do nível de funcionalidade. Nesse sentido é essencial avaliar e definir quais as características e défices que necessitam de intervenção, devendo a mesma ser especializada de forma a se ajustar às especificidades da perturbação.